A propósito da Ala Liberal, ou sempre que se fala em liberalismo no CDS, ouvem-se acusações de de desvirtuamento do partido, como se nunca ninguém, desde a sua fundação, ou mesmo nela, tivesse inscrito o liberalismo como linha orientadora do CDS com a mesma dignidade da democracia cristã.
Não me refiro a todos aqueles que discordam do liberalismo ou que lhe apontam reservas e que, com toda a legitimidade (embora pouco acerto) procuram reduzir-lhe a influência nas políticas definidas pelo partido. Refiro-me, isso sim e não é pouco, a todos quantos se sentem no direito e no dever de rotular e classificar aqueles que se inspiram no liberalismo como promotores de uma ruptura histórica no CDS.
Quando a Ala Liberal procura precisamente reforçar essas linhas, convocando-as para uma actualização que é urgente, apenas procura respeitar esse legado que não pode ser negado, traduzindo-o numa alternativa de futuro para o CDS. Alternativa que passa, não pode deixar de ser, pela convivência dessas duas grandes famílias políticas. Trata-se, por isso, de traduzir um futuro que não pretende nem romper nem negar o passado, mas tão só mobilizar os democata-cristãos e liberais de Portugal.
Nada tenho contra aqueles que apenas conhecem a história do CDS de ouvir dizer ou de ouvir ler. Seria no entanto conveniente que antes de fazerem as vezes de guardiães do templo se dedicassem a estudar um pouco mais a coisa. É que, vai na volta, quem tanto se apressa a negar o evidente é quem mais se afasta do respeito pela matriz fundadora do partido.
(publicado também no A Arte da Fuga)
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