quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Ser liberal no CDS-PP

A criação da ALA LIBERAL tem gerado uma onda de reacções ora descrentes ora agressivas. Nem umas nem outras têm razão de ser, mas creio que ambas derivam do mesmo preconceito: o de que estamos a transformar o CDS naquilo que ele não é.

Ser liberal no CDS - que tem sido um partido de liberdade, mesmo quando, em tristes momentos da história, os seus protagonistas não o souberam ser - não apresenta nenhuma contradição. Nenhum de nós, todos militantes do partido, o rejeita, rejeita o seu programa ou a sua matriz fundamental, o que quer que isso seja. Porque, valha a verdade, este partido já foi do centro, já foi do contra, já foi do povo, já foi reaccionário, já foi beato, já foi progressista, já foi liberal. Mas nunca foi de esquerda, nunca foi totalitário, nunca foi defensor do pensamento único, nunca deixou de ser um partido conservador, sempre defendeu a propriedade e a iniciativa privadas, o primado da dignidade humana e a democracia. E sempre foi um partido de resistentes e de gente de coragem.

Quase 34 anos depois da sua fundação, se quisermos ser rigorosos e sérios é este – e não é pequeno – o único património do CDS. É por isso que a institucionalização de uma corrente liberal no partido, que se proponha discutir, debater e estudar soluções que permitam a diminuição do peso do Estado na vida dos cidadãos, que permitam a diminuição da despesa pública, que permitam a redução da carga fiscal, que promovam a iniciativa individual e impulsionem o crescimento económico, nada tem de incorente ou de contra-natura.

Mas mesmo num (e a propósito de um) tão pequeno centro de poder, há sempre infinitas resistências e barreiras internas (e externas) a ultrapassar. E aqui, infelizmente, encontramos de tudo: desde os inimigos de sempre do CDS que temem o crescimento da sua influência, passando pelos velhos do restelo que já nasceram decrépitos e não percebem a dinâmica da sociedade e de como ela mudou nos últimos 20 anos, acabando naqueles que têm como projecto de vida o sucesso do seu eterno combate movido por mesquinhas razões pessoais e um incurável mau perder contra os companheiros de partido.

É a estes últimos que é especialmente penoso e díficil responder, especialmente se a calma e a racionalidade forem obrigatórias. É porque são eles que espalham o fantasma do partido dos gays, dos bacanais, do sexo em grupo, do aborto em série, da eutanásia, do fim do casamento, etc., respaldando-se no seu suposto e extremo conhecimento da verdadeira agenda dos colegas.

MAS ELES MENTEM. A nossa agenda é que consta da nossa declaração. E dela resulta, com meridiana clareza, que todos concordamos - apenas - que nem o Estado nem os partidos nem os derrotados desta vida têm nada que ver com os comportamentos privados das pessoas, desde que não contendam com a liberdade ou bem estar dos outros. É por causa desta singela ideia, que elegemos, entre outros, como ponto de partida, que alguns pobres de espírito nos julgam, nos condenam e nos desqualificam.

Essa singela ideia é a raiz das liberdades e o fundamento teórico de qualquer sistema plural e respeitador da dignidade humana. Nós, os liberais do CDS, achamos que o Estado português tem ainda um longo caminho a percorrer no aprofundamento desta singela ideia da liberdade. Caminho esse que, se trilhado, pode, na nossa opinião, aumentar o bem estar de todos, criar mais riqueza, diminuir a pobreza, o desemprego e a atrofia da nossa economia. E com isso, tornar o Homem mais feliz e mais completo.

Temos pena, mas é só esta a nossa agenda. Se concorda connosco, assine aqui.

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