segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Porquê Liberal? (2)

Antes de mesmo saber ao certo o que pensar da política já votava no CDS. Não sei hoje reconstruir porquê. Acho que tinha que ver com a minha visão positiva da CDU alemã, país cuja política acompanhava e acompanho com muito interesse. Foi aliás por causa da Alemanha que me apareceram as primeiras fúrias liberais. Não me esqueço do dia em que Gerhard Schröder, chanceler alemão à data, entrou na Phillip Holzmann (construtora civil alemã) e saiu como salvador dos empregados que se manifestavam à porta contra a falência da mesma. Dois anos depois, sabe Deus com quantos Marcos de dinheiro dos contribuintes e a Holzmann faliu na mesma. Na altura cheirou-me a esturro e fiquei incomodado com toda a popularidade que o chanceler tirou do seu acto heróico. Heróico e social.
É fácil ser herói com o dinheiro dos outros.

Houve outra coisa que me fez juntar ao CDS. A autobiografia do Professor Freitas do Amaral. Ainda que escrita já depois do seu afastamento do CDS, o livro retrata bem como era difícil um partido portar-se de forma decente no pós-25-de-Abril. Tenho para mim que foi o CDS o único que o conseguiu.
Claro que esse CDS é outro do de hoje em dia, e isso eu não percebia na altura. Era o CDS que governava com o PSD como governava com o PS. O CDS que se queria de centro. No entanto a leitura da história da fundação do partido trouxe-me para o lado daqueles que vejo como herdeiros dum espírito de luta pela liberdade em momentos em que isso era pago com difamação, prisão e perigo de vida.

Já depois de uns anos de militância na Juventude Popular, a experimentar a democracia-cristã (lá está a influência da CDU) - para descobrir que a democracia-cristã em Portugal é uma espécie de social-catolicismo que não me atrai - passando pelas drogas pesadas do conservadorismo - demasiadas vezes saudosista de tempos que não me interessam -, vim dar a um pensamento coerente e atraente. Diferente do discurso habitual. Lógico e intrigante. E curiosamente não foi dentro do CDS ou a da JP que me converti.
Se me tornei liberal devo-o aos blogues.

continua

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